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CARTA ABERTA DIA NACIONAL DA JUVENTUDE – DIOCESE LIMOEIRO DO NORTE


Nós, seiscentos e vinte jovens da Diocese de Limoeiro do Norte-CE, no Dia Nacional da Juventude (DNJ), 18 de outubro de 2015, em Aracati-CE, estivemos reunidos para debater questões que consideramos da maior importância, não só para a juventude, mas para o conjunto da sociedade.
Com o tema central: Juventude Construindo Uma Nova Sociedade, reconhecemos um Jesus lutador, vinculado aos oprimidos e oprimidas, que foi preso político, torturado e executado na cruz a mando dos poderosos de seu tempo. A cruz, cujo significado histórico remonta ao castigo imposto pelo Império Romano aqueles que se colocavam contra a ordem social injusta vigente na palestina de então. Jesus lutou para que todos e todas tivessem vida e vida em plenitude. Esse foi seu crime. Ele agora nos serve de luz, seu exemplo de vida ilumina os caminhos a seguir. 
É preciso cultivar valores na construção dessa nova sociedade que tanto almejamos: o Espírito de Sacrifício nos convoca a nos doarmos por inteiro à causa da justiça e da igualdade; a capacidade de indignação frente as opressões cometidas contra qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo nos chama a sentir nas entranhas as dores dos povos e a agir; a rebeldia contra o machismo, contra a homofobia, contra o racismo e todas as formas de exploração e opressão é condição essencial para seguirmos construindo o projeto defendido pelo Nazareno. 
Neste sentido, denunciamos: a exploração capitalista sobre a classe trabalhadora; a ditadura da mídia manipuladora; o latifúndio e a contaminação dos alimentos pelo uso de agrotóxicos; o saque dos cofres públicos para o pagamento da chamada “dívida pública” tantas vezes já paga; a concentração da riqueza nas mãos de poucos e a consequente expansão da miséria; a segregação e extermínio da juventude, sobretudo, a pobre e negra; a degradação ambiental pelos grandes projetos; a criminalização de pessoas, comunidades e movimentos que lutam contra esse sistema de morte; o sequestro da política pelas grandes empresas;o modelo de desenvolvimento que põe o lucro acima da vida. Somos terminantemente contra a redução da maioridade penal. 
Anunciamos um outro mundo possível, pautado na civilização do amor e da afetividade, livre de discriminações. Nos comprometemos a defender a vida onde quer que ela esteja sendo ameaçada, a construir relações de respeito para com o ambiente, pois somos terra, água e ar.
Queremos e nos comprometemos a beber do mesmo cálice que Jesus bebeu e a sermos batizados com o batismo do qual ele foi batizado, pois, para quem quer segui-lo com fidelidade, não há outro caminho. Somos sabedores/as que sozinhos/as não seremos capazes, por isso contamos com o apoio e participação de todos e todas que vislumbram o Reino de Deus já se fazendo entre nós.
   
                                                         “Este sistema é insuportável. (...) Queremos uma mudança, uma                                                                             mudança real, uma mudança de estruturas.”
                                                                                                                                       Papa Francisco

 Post: CEBS Comunica 
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Chega de violência!!!

            Estive refletindo acerca das expressões da questão social no Brasil e no mundo, que se materializam na forma de pobreza, exploração, violência, abandono, ganância, indiferença, desemprego, preconceito, precariedade na saúde e educação e tantas outras formas que se possa denominar como conseqüência do mundo desigual no qual vivemos.
            Ao fazer essa reflexão me fiz também um questionamento: se somos capazes de perceber e refletir sobre os acontecimentos do país e do mundo, porque não o fazemos a partir de nossa realidade e do nosso município, onde vemos e sofremos na pele constantemente essas expressões as quais mencionei anteriormente?
            Pois bem, nosso município (Aracati), assim como o Brasil e o mundo, tem passado por vários problemas sociais. É inegável que tais problemas não tomaram (ainda) grandes proporções como as de nosso país e de outras cidades maiores como as capitais, isto pelo fato de ser uma cidade pequena, no entanto esses males que assolam a sociedade não se tornam desapercebidos.
Sofremos com uma saúde precária, com o desemprego, com a violência, com o preconceito, com a exploração, com os abusos de uma mídia e de uma “elite” que tenta a todo custo disseminar seus ideais políticos a fim de eleger seus candidatos, mas quero aqui me deter ao tráfico de drogas e ao extermínio da juventude aracatiense em decorrência disso, assunto que pouco ouço pela cidade.
Comumente recebemos a notícia: “mataram mais um”, e logo a notícia se espalha pelos meios de comunicação, mas percebo que o sentimento das pessoas muitas vezes é de felicidade ou de alívio com o pensamento de que “é menos um para roubar e vender drogas”, não atentando para quem é aquele jovem, de onde ele veio e sem se dar conta que ele nada mais é que um produto de nossa sociedade aracatiense injusta e desigual. Uma constatação importante é que toda essa juventude – e agora não só jovens, mas crianças e adolescentes também - é proveniente da periferia de nossa cidade.
E em meio à guerra entre as comunidades ou bairros, a medida adotada foi aumentar o policiamento, através da tropa de elite da Polícia Militar – BPRAIO (Batalhão de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas). Claro, ótima ação, o Estado fazendo seu papel ao utilizar a força para manter a ordem, já que os cidadãos precisam de segurança e os bandidos devem ser presos, mas, e quais ações estão sendo realizadas para tratar e evitar esse problema, para que as crianças que não moram no centro de nossa cidade possam ter as mesmas condições mínimas para sua emancipação como outras crianças? Quais políticas públicas estão sendo pensadas ou executadas para nossa juventude, a fim de que estes não cheguem até o mundo das drogas? Quando teremos uma cidade com menos desigualdades, onde todos tenham os mesmos direitos sendo eles garantidos por lei?
Nós, aracatienses, devemos nos fazer essas perguntas e nos acostumar a olhar nossa realidade com outros olhos, buscando fazer nossa parte para, assim, transformá-la.

#nãoaoextermíniodejovensaracatienses
#nãoasdesigualdades


Jakciane Simões
(Aluna do Curso de Serviço Social da Faculdade do Vale do Jaguaribe-FVJ)



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Festa de Rállouin!

Aproveito ainda o clima da festa de "Rállouin" para falar da minha lenda favorita, a do "Estado Laico". Trabalhando em Aracati, posso dizer fácil que o Estado é Laico 'pero no mucho'. Já me acostumei a conviver com o "pai nosso" nos mais diversos ambientes, desde os treinos de Jiu Jitsu, até as reuniões que acompanho da Prefeitura. Como se trata da fé alheia, por uma questão de respeito, escuto calado, dou as mãos e tudo, mas não me conformo... A postura que transparece é que todos ali devem reverência a deus, o que é aceitável, mas pela concepção e momento equivocado. O temor ao "criador" é louvável, mas enquanto relação de funcionalismo público, essa fé assume a noção de uma inspiração divina para o "bem comum", a "justiça" e a "felicidade", conceitos relativos a crença e intensidade de cada um.

Lembro bem de um documentário com o falecido Tancredo, que assistiu impressionado ao Círio de Nazaré e arrematou que um "povo desses" jamais ia aceitar o Ateísmo!!!

Nada contra rezar, acho até que questão por trás da reza, da oração é muito positiva, acredito no poder das palavras, e acho que esse momento tem uma função de concentração, e de socialização de uma energia que unifica pessoas. O problema não é esse, o problema é tornar obrigatório um momento desses na rotina pública de repartições e de entes supostamente laicos. Qual a justificativa para símbolos religiosos e dinâmicas espirituais em momentos extremamente materiais e puramente humanos? É buscar a inspiração de conceitos tidos como desejáveis, porém extremamente moralizantes pelo viés dos costumes e interpretações de cada seita. Compreendo a noção republicana de Estado como uma divisão entre os poderes públicos, onde essencialmente as igrejas não participam diretamente. Em tese pelo menos... Mas vai falar alguma coisa, vai pedir para que outra dinâmica de abertura das reuniões seja estabelecida, ou mesmo criticar em algum aspecto a "visão" religiosa que teima em se intrometer em assuntos Estatais que logo te tacham de "intolerante". Nesse meu tempo em Aracati, já vi momentos de conferência municipal com gente da igreja fardada com camuflagem do Exército, já vi fotos de eventos religiosos com crianças de 5,6 anos de roupinhas do Exército, sob encomenda, e isso é PREOCUPANTE. Pois o cristianismo, especialmente as vertentes evangélicas neopetencostais, tendem a assumir cargos públicos a partir da sua rede confessional de relações pessoais. E aí o que temos é uma agenda conservadora que tende a muitas vezes a estabelecer um diálogo desigual entre as diversas formas de religião. Nunca vi oração de outra matriz que não a cristã, pode candomblé? Umbanda? Pode Seicho No Ie? Pode União do vegetal? e que tal um momento para o pessoal do Vale do Amanhecer? O verdadeiro Estado laico deve respeitar todas as religiões e expressões de fé alheia, e nesse sentido é inconcebível o desrespeito a qualquer religião. Quem acompanha a agenda do Congresso, sabe muito bem que desde projetos de "cura gay" até o controverso PL do cunha (que dificulta a atenção médica às vitimas de estupro e penaliza os profissionais que atenderem esses casos) só o que se tem ouvido falar é dessa agenda conservadora, pautada em noções religiosas, que tem ganhado espaço a partir da 'ruptura' do governo petista e da 'derrocada' de seu projeto progressista. Existe um tom belicista pairando no ar, já analisado aqui: (http://www.bbc.com/…/2015/06/150622_entrevista_pastor_pai_jp) e acho importante que cristãos se posicionem para deslegitimar todo esse retrocesso de Cunhas e Felicianos, ou então vai ficar nítido que existe uma guerra em andamento, e não é espiritual, mas bem materialista, onde o destino final é disputa pelo poder econômico e político do Estado. E não será nada saudável para nossa democracia um modelo fundamentalista religioso, de nenhuma vertente inclusive. Aproveitando a oportunidade, enquanto Assistente Social, eu gostaria de compartilhar também a dissertação de um colega que pesquisou o neoconservadorismo: http://www.uece.br/…/doc_vi…/176-dissertacaopaulowescleypdf… Segundo PINHEIRO (2013), o fundamentalismo religioso, presente em amplos setores da sociedade, se espraia também na formação profissional, e tem efetivamente impresso uma ameaça real ao projeto ético político desde o contexto de formação em serviço social, até a vida profissional, a partir da incidência do caráter religioso nas percepções ético-políticas e teórico-metodológicas da profissão. Esse material e muitos outros estão disponíveis no endereço do Mestrado em Serviço Social da UECE (http://www.uece.br/mass).

Um abraço! 

Jonas Freitas (Assistente Social e Professor do Curso de Serviço Social da Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ)

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(Neo)Conservadorismo e Serviço Social


Conservador é aquele que projeta e organiza ações que visam manter uma suposta estabilidade, conservando o conjunto de relações sociais bem como costumes que se projetam, na fala conservadora, como algo já estabelecido e “natural”. Como algo importante para o corpo social e que “sustentaria” a sociedade, portanto, imprescindível a sua própria existência. Claro que se trata de uma argumentação muito a-histórica e a-crítica, a tal ponto que quando testada tende a fracassar em suas respostas, pois simplifica e traduz de maneira incompleta a própria realidade.

A questão por trás do conservadorismo, a que me refiro nessa análise, importa a todos aqueles que se filiam a um projeto alternativo de sociedade, e que se organizam politicamente para se contrapor ao que os neo conservadores impõe como vital: a manutenção dos pressupostos liberais e neoliberais organizados sobre a sociabilidade capitalista.

Certamente, enquanto análise pessoal, esse texto reflete meu posicionamento político, que fica desde o começo aliado ao discurso crítico contra o conservadorismo e suas crias antidemocráticas. E embora tenha surgido de um debate de sala de aula, é meu desejo contestar esse posicionamento político em suas raízes, o que tem a ver com o cotidiano enquanto ser social que trabalha em um centro de formação em Serviço Social.

Assim, não é possível calar frente a essa situação de enfrentamento, onde não só o projeto ético político é comprometido já na etapa da formação profissional, mas como dentro do próprio Serviço Social parecem surgir dúvidas quanto a necessidade em se questionar a sociabilidade capitalista, bem como dificuldades em se defender vias de transformação aos pressupostos antagônicos e antipopulares do capitalismo. E não apenas por alunos, mas por professores também!

Certamente, uma questão importante a ser analisada nessa conjuntura é que o conservadorismo não é um fenômeno isolado no Serviço Social, haja visto que nos últimos protestos contra “lula-PT-Dilma” imagens ligadas ao que há de mais retrógrado e perverso foram mostradas a exaustão, com cidadãos defendendo inclusive a volta da Monarquia!

Nessa mesma levada, só posso declarar minha total preocupação em ter que levar essa discussão, já amadurecida por pesquisadoras como Maria Lucia Barroco, Josiane Soares Santos, etc, para debater com gente que não só defende o Liberalismo clássico e seus autores, mas que levantam o Absolutismo como algo “pitorescamente” atraente.

A questão por trás dessa análise é muito superior a preferência meramente “literária”, influi nos destinos da categoria formada por Assistentes Sociais, e devemos portanto, ampliar e continuar esse debate, pois a prática é o critério da verdade. Dessa forma, apresentar o perfil antidemocrático de tais correntes conservadoras deve ser tarefa de quem compartilha de uma visão crítica e socialmente comprometida para a categoria e para com o mundo do trabalho.

E não estou sugerindo nada de muito estrambólico, pois, muitas vezes, essa “confusão teórica” pode ser elucidada em um debate público, que se estabeleça de forma democrática e coletiva. Exatamente o oposto ao que propõe o neoliberalismo, com sua visão mercadológica e privatizante de compreensão sócio-histórica. Defendo aqui o dialogo franco em que a exposição de ideias estabeleça por meio das próprias contradições discursivas, quem se posiciona a favor da transformação e quem defende a continuação dessa ordem estabelecida pela exploração do homem pelo homem.

Basta trazer o debate para a temática da desigualdade social e da pobreza (enquanto acirramento da relação desigual entre produção e apropriação da riqueza socialmente produzida), que a visão neo conservadora não será capaz de fornecer outra explicação, fora a “naturalização” da questão social como algo relacionado a própria imperfeição humana ou mesmo a culpabilização do indivíduo por sua miséria.

Dessa forma, considero importante e evidente, que aos Assistentes Sociais comprometidos com a ampliação do sentido e da existência do Projeto Ético Político cabe sustentar e avançar no debate do neo conservadorismo, que avança não apenas nos protestos de rua que defendem a “volta da ditadura”, mas enquanto hoste que se organiza e que toma fôlego em nosso meio, muitas vezes graças a falta de organização do debate nessa temática. 


Jonas Freitas (Assistente Social e Professor do Curso de Serviço Social da Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ)
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